sexta-feira, 8 de outubro de 2010

SHABAT SHALOM MAIL - PARASHÁ NOACH 5771

BS"D
 
ATITUDES CONTRADITÓRIAS – PARASHÁ NOACH 5771 (08 de outubro de 2010)
 
"Em uma pequena cidade do interior, onde os habitantes viviam basicamente da agricultura, fazia muito tempo que não chovia. O sol brilhava impiedosamente e os fazendeiros começaram a se desesperar, pois as plantações estavam secando e os animais procuravam em vão um pouco de água para saciar a sede. Os habitantes decidiram se reunir na sinagoga para rezar pela chuva. Eles rezavam com fervor, quase gritando, com os olhos voltados para o céu, na esperança de que ao menos uma pequena nuvem aparecesse.
 
Estava na sinagoga um pequeno garotinho, que observava atentamente as rezas. De repente, ele virou-se para seu pai e perguntou:
 
- Pai, vocês acreditam realmente que a chuva virá por causa da reza de vocês?
 
- Claro que sim, filho – disse o pai – se não acreditássemos, por que estaríamos aqui rezando por tanto tempo?
 
- Mas papai – insistiu o menino – se vocês realmente acreditam tanto nisso, então por que ninguém trouxe um guarda-chuva?"
 
Muitas vezes na vida nossos atos contradizem nossas crenças. Podemos, em diversas situações, acreditar em algo mas viver de maneira completamente contrária.
 
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Na Parashá desta semana, Noach, a Torá nos descreve uma das piores tragédias da humanidade, quando a injustiça entre os homens se tornou tão gritante e tão banalizada que D'us decidiu destruir o mundo inteiro. Apenas um homem, Noach (Noé), que era um Tzadik (Justo), se mostrou meritório da misericórdia Divina. D'us anunciou para Noach que enviaria ao mundo um dilúvio e ordenou que ele construísse uma gigantesca arca para salvar sua família e um casal de cada animal existente no mundo.
 
Por que D'us odenou que Noach construísse uma arca? Por que Ele não salvou Noach com uma bolha milagrosa que o protegesse do dilúvio? Pois a construção da arca tinha uma importância estratégica. A construção durou 120 anos e foi feita sobre uma montanha muito alta, para que as pessoas vissem e questionassem Noach. Assim ele poderia avisar sobre o dilúvio, repreender as pessoas pelos seus graves erros e convencê-las a mudar. A arca era a forma de fazer com que mais pessoas pudessem se arrepender para serem salvas da destruição. Porém, a Torá nos descreve que, mesmo com os 120 anos de chance, ninguém mais foi incluído entre os que seriam salvos. Isto é difícil de entender, pois se Noach era uma pessoa íntegra e pura, por que ele não conseguiu convencer mais ninguém? Por que as pessoas não escutaram quando ele anunciou a vinda de um dilúvio que destruiria todo o mundo?
 
Outra pergunta que surge nesta Parashá é uma aparente contradição sobre as características de Noach. Por um lado a Torá louva Noach por sua integridade e Emuná (fé). Onde podemos ver a Emuná de Noach? A arca construída por ele tinha dimensões gigantescas, mas mesmo assim obviamente não caberiam todos os animais que deveriam ser salvos. Apesar da construção parecer algo sem sentido, Noach não questionou as ordens de D'us e, em uma demonstração de total confiança, ele construiu a arca exatamente como foi ordenado. Mas por outro lado, no momento em que Noach entrou na arca, a Torá nos diz: "Noach, seus filhos, sua esposa e as esposas de seus filhos, entraram com ele na arca por causa das águas do dilúvio" (Bereshit 7:6). Rashi, comentarista da Torá, explica que as palavras "por causa das águas do dilúvio" nos ensinam que Noach não teve Emuná e entrou na arca apenas depois que começou a chover forte, quando a água já cobria seu tornozelo. Afinal, Noach tinha ou não Emuná?
 
Explica o Rav Yssocher Frand que Noach era um gigante espiritual. Ele conseguiu andar nos caminhos de D'us mesmo vivendo em uma geração completamente corrupta. Certamente ele confiava em D'us, mas a Torá ressalta que havia uma pequena falha na sua Emuná. Ele sim acreditava, mas isto não era perceptível em seus atos. Qual foi a conseqüência desta falha na sua Emuná? Apesar dos 120 anos de possibilidade de salvar outras pessoas, Noach não conseguiu salvar mais ninguém. Como nem ele mesmo estava completamente convencido que o dilúvio realmente ocorreria, ele não conseguiu "vender" a idéia para mais ninguém. Seus atos contradiziam suas palavras, e por isso as pessoas não se arrependeram de seus erros.
 
O que podemos aprender deste episódio para nossas vidas? Que devemos sempre nos questionar se realmente vivemos de acordo com as nossas crenças ou não. Um exemplo é a nossa crença na vinda do Mashiach, como enuncia o Rambam (Maimônides) em um dos seus 13 princípios de fé: "Eu acredito com Emuná completa na vinda do Mashiach. E mesmo que possa tardar, apesar disso eu esperarei por sua vinda". Todo judeu acredita na vinda do Mashiach, mas vivemos de acordo com esta crença? Emprestaríamos dinheiro para alguém se a data de pagamento fosse a vinda do Mashiach? Fazemos atos que contribuem para a chegada imediata do Mashiach?
 
O Rav Israel Meir Kagan, mais conhecido como Chafetz Chaim, foi um dos maiores rabinos do começo do século passado. Sua crença na vinda do Mashiach era tão forte que transparecia em seus atos cotidianos. Por exemplo, ele deixava junto à porta de casa uma mala de roupas, para estar pronto para o dia da chegada do Mashiach. No casamento de seus filhos ele escrevia no convite "O casamento será na Cidade Velha de Jerusalém. Mas se D'us nos livre o Mashiach ainda não tiver chegado, o casamento será em Radin (cidade da Polônia onde o Chafetz Chaim morava)". O Chafetz Chaim não apenas acreditava na vinda iminente do Mashiach, ele vivenciava isso nos seus atos cotidianos. Para ele não era uma utopia, a vinda do Mashiach era tão real quanto a certeza de que o sol surgirá novamente no horizonte de manhã.
 
Também em muitos outros pontos nossos atos contradizem nossas crenças. Acreditamos que D'us pode ver todos os nossos atos, mas muitas vezes nos comportamos como se Ele não estivesse olhando. Acreditamos que cada Mitzvá cumprida nesta vida vale eternidade, mas muitas vezes "matamos" nosso tempo com besteiras. Por que vivemos em tamanha contradição? Pois a Emuná é algo que precisa ser constantemente reforçada para que permaneça em nosso coração. Somente com um trabalho diário de reflexão podemos viver de uma maneira verdadeira, em que nossos atos não sejam contraditórios com a nossa Emuná.
 
SHABAT SHALOM
 
Rav Efraim Birbojm
 
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